Falamos no posts anterior sobre alergia e intolerância ao glúten. Ele e a lactose, são intolerâncias cada vez mais frequentes nos dias atuais por uma série de fatores.
A lactose é um açúcar, diferente do glúten, que é uma proteína e por isso as intolerâncias à lactose não podem ser consideradas alergias (alergia à proteína do leite é uma outra doença, que abordaremos futuramente). A lactose é um açúcar complexo de uma grande molécula que compõe o leite e para que o organismo a absorva, precisa necessariamente ser quebrada em duas moléculas menores que chamamos de Glicose e Galactose. As duas são absorvíveis, mas a lactose não é. Quando a lactose não é quebrada, fica no intestino e passa a ser metabolizada não por enzimas, mas por bactérias e isso acaba causando: gases, desconforto, distensão abdominal e até diarreia. Quem tem intolerância à lactose, possui uma deficiência na produção da enzima que digere a lactose, que é a lactase.
A identificação da intolerância, é relativamente simples. Ela pode ser feita através de exames médicos, como a sobrecarga de lactose para que seja analisado o aumento da glicose no sangue ou através de exames que detectam genes que possuem propensão a essa intolerância. Até mesmo um teste expiratório pode ser realizado, onde é feita uma ingestão proposital de lactose e após isso o paciente sopra em um aparelho específico onde se detecta o produto da digestão. De todos, o método menos agressivo e mais utilizado em consultório é submeter o paciente a uma semana de dieta totalmente sem lactose para verificar a diminuição dos sintomas. Isso evita exames desnecessários e o mal estar de quem tem a intolerância e se submente ao exame.
As intolerâncias também sofrem influência de fatores genéticos. Existem populações mais propensas a ter intolerância à lactose, como as da África e outras, como dos países nórdicos, onde a população, por linhagem genética ou racial possuem baixa intolerância. Já no Brasil, onde possuímos uma mistura muito grande de raças, estima-se um índice de 50% de intolerantes à lactose em diferentes graus.
Existe o grau onde o indivíduo não pode sequer consumir uma bala de leite sem se sentir mal, enquanto outras pessoas manifestam sintomas apenas quando exageram, tomando grande quantidade de milkshakes e sorvetes, por exemplo.
O fato é que estamos vendo uma maior incidência dos casos pelo alto consumo e a condição não é perene durante toda a vida. Pode ser, por exemplo, desencadeada por uma infecção intestinal e depois de algum tempo de abolição da ingestão de leite volta a digestão normal. Sempre recomendo que quem é intolerante à lactose, que evite a ingestão ou faça uso da enzima lactase (disponível no comércio) durante uma refeição láctea e, de tempos em tempos, tentar voltar com a alimentação láctea.
Importante dizer que consumir leite ou alimentos derivado para quem é intolerante, não significa causar um prejuízo à saúde ou a precipitação de uma doença. Trata-se de um conjunto de sintomas, passageiros, que podem significar pouco se comparados ao prazer daquela determinada refeição que contenha leite.