Tratamento da Obesidade
Tratamento da Obesidade
A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo excesso de gordura no organismo. O aumento de sua incidência nos últimos anos, caracterizando uma verdadeira epidemia, está relacionado ao consumo de alimentos cada vez mais calóricos e ricos em gordura, sal e açúcar. Tudo isso associado ao crescimento do sedentarismo, mudanças nos meios de transporte e urbanização. No Brasil, mais de 50% da população se encontra com sobrepeso ou obesidade.
A prevenção da obesidade é fundamental devido às suas consequências que podem ser: diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares como infarto, AVC e ainda problemas ortopédicos e psicológicos. Devem ser adotadas mudanças no estilo de vida, na alimentação, a prática de atividade física, combate ao stress ou tratamento de doenças associadas. Porém, em casos onde a obesidade mais grave já está instalada, quando já existem doenças associadas, quando há maior dificuldade na mudança do estilo de vida, o tratamento deve ser iniciado.
O tratamento da obesidade pode ser clínico, através de medicamentos que diminuem o apetite, auxiliado por acompanhamento nutricional e atividade física. Quando não se obtém sucesso na perda de peso ou em sua manutenção, quando há necessidade de um melhor controle das doenças oriundas da obesidade, pode ser indicado o tratamento cirúrgico.
Ao longo dos últimos anos, a cirurgia da obesidade se sofisticou, melhorando seus resultados e diminuindo a chance de complicações e efeitos colaterais. A técnica laparoscópica diminuiu o tempo cirúrgico e permitiu um menor tempo de internação e de recuperação. Ela consiste na realização da cirurgia através de pequenos orifícios no abdome com auxílio de uma câmera.
As cirurgias que antes se baseavam em impedir a absorção de nutrientes ou apenas em restringir a alimentação, através de estrangulamento de órgãos digestivos como o estômago, passaram a adaptar o aparelho digestório à dieta moderna, que temos hoje. Isto é obtido através de procedimentos que diminuem a produção de hormônios que geram o apetite, como a grelina e aumentam aqueles de saciedade, como o GLP-1, Peptídeo YY entre outros.
Este conhecimento permitiu o aparecimento das técnicas cada vez mais populares como:
- Gastrectomia Vertical (Sleeve Gastrectomy)
- Gastrectomia Vertical associada à bipartição do trânsito
A gastrectomia vertical é a cirurgia realizada por laparoscopia, onde a maior parte do estômago é removida, através da utilização de um “grampeador” cirúrgico. O estômago remanescente fica tubulizado, sem prejuízo de suas funções e sem a maioria das células produtoras de Grelina (hormônio que estimula o apetite). O formato tubulizado leva a uma saciedade bem mais precoce durante a refeição. O tempo de internação, em média, é de dois dias e o retorno às atividades normais, em 1 semana.
Gastrectomia vertical
Nos casos mais avançados de obesidade, onde necessitamos de maior poder de emagrecimento e de resolução das doenças associadas, podemos “potencializar” a gastrectomia vertical através da Bipartição do Trânsito.
Os conhecimentos mais recentes relacionados à produção de “entero-hormônios”, que são sinalizadores produzidos pelo aparelho digestivo para gerar no cérebro apetite ou saciedade, permitiram atuar de forma cirúrgica para adaptar melhor o paciente obeso à dieta moderna. Exemplo disso é a produção de GLP-1 pelas porções finais do intestino delgado, que aumenta a produção de insulina e gera saciedade.
A Bipartição é uma técnica cirúrgica que faz com que o alimento chegue mais rápido ao final do intestino delgado, para estimular a produção dos hormônios que geram saciedade.
Gastrectomia Vertical + Bipartição do Trânsito. Annals of Surgery – Volume 256, Number 1, July 2012.